18 de novembro de 2007

como consigo?

às vezes preferiria a ilusão e o cegar daqueles que vivem eternamente se submentendo



à minha incansável teimosia em conseguir e [tentar] vencer.

e quem disse que não chamaria 'amor'?

o que falta à um poeta senão o sorriso?




o que falta à mim senão a vida?
pois o que me resta, nesses dias seguidos, é viver o alheio.
e como se não me bastasse o observar diário de outrem, ainda me procuro nele.






triste fim daqueles que não possuem pudores.

11 de novembro de 2007

...e o mundo inteiro gritou, num só coro:
- salva-te, menina, antes que te transformem na 'Geni'.






e a menina, desde cedo, aprendeu que ser feliz não combinava nada com a 'geni'.

www.flickr.com/photos/mariliamorato


Trago
De onde venho
Passagens do que vejo
Belezas que distraem meus olhos.

Levo
Pra onde vou
A vontade de trazê-las pra mim.






- visitem e contribuam para o meu prazer ilusório que é escrever com a luz [ou pelo menos tentar]

4 de novembro de 2007

Consequências.

Arraste-se
E sinta o calor que sai do solo
Olhe para o alto
E contemple a beleza que se expõe acima de você.

Ajoelhe-se
Saiba aproveitar o que a cautela lhe possibilita
Esforce-se
E perceba que pode ser mais do que acredita.

Levante-se
Inspire a satisfação que é estar de pé
Abra as braços
E perceba que a vida é muito maior do que seu campo de percepção.

28 de setembro de 2007

mais... para a mesma.

não precisa de muito.
basta a tua presença.
tuas risadas maliciosas.
a mentira refletido no teu olhar.
os gestos propositais do teu corpo.
tua vontade de me fazer mal.

bastam para mim.



definitivamente.. amizade, pra mim, não é isso.




Depois de lá, aqui não restará mais pedaços de você.
Espero não ter que me decepcionar com atitudes suas. Prefiro descobrir que a errada sou eu.
Coração mais do que apertado.

à alguém que dividiu comigo parte de uma vida.

Pega um copo pra mim, por favor.
Não. Não esse. Não quero chamar atenção. Na preciso de tanto, é só água.
Ta. Ta certo. Me dá esse mesmo. A verdade é que estou com medo de quebra-lo.
Não tem problema?
Tem sim. Claro que tem.
Você não gosta do dono? Mas ele pode gostar do copo.
É... Entendo que você não se importe.
Faz como fez comigo, não é?
Não se importa muito em quebrar certas coisas. Nem em machucar alguns.
Natural. Entendo perfeitamente.
Sabe... Já deveria ter acabado com essa estória de permitir sua invasão aos meus limites.
Não invade?
Claro que sim. E não se preocupa em faze-lo. Faz com gosto.
Egoísmo? Talvez egoísmo. Pessoas em comum me disseram que você era boa nisso.
Mas enfim... Me passa aquele copo de requeijão que a minha água vale muito mais do que ele.
E o meu objetivo é, tão somente, beber água.


Em relação a você?
Não me importo mais.
Me recuso a querer me importar.
Mas lhe desejo maturidade suficiente para evoluir... Talvez perceber que o mundo não é você.
Desejo-lho isso antes que perca todos os que, supostamente, te amam.


Sinceramente,
Marília Morato.

27 de agosto de 2007

dias do mês que acabam em seis.

.


você que não dá descanço
que, por hora, derramou meu pranto
sujou de vermelho sua imagem no espelho.


não há mais lugar para tamanha insensatez
tu que se fez, em mim, maior que a clareza
das minhas maiores convicções

vá, você
mas peço-lhe, antes de partires
se é que pode me atender.


vá...
mas me faça o favor de não mais voltar.

22 de agosto de 2007

Cartola.

.

senhora tentação
dê-me um tempo de descanço
para que eu apague de minh'alma
o arder do fogo do desejo
que me embreaga a cada abrir de olhos
e a cada boca despida de pudor.

Falemos do que realmente importa.

Não.
Não tenho dúvidas de que você, para mim, não passa de um desafio.
Você me testa e me mostra até onde posso ou devo ir.

Somos seres passionais e nos apegamos, por teimosia, àquilo que geralmente não pode ser nosso.
Conquistar determinado objetivo é o recheio do bolo, é a parte mais gostosa de se sentir humano.

Porém,
Viver dói.
Se testar também.
Talvez seja mais viável esquecer o recheio do bolo e tentar buscar a delícia nas partes que nos são acessíveis.
Gostar de quem gosta da gente, pra ser mais exata.

A banalização da doçura e singeleza de estar apaixonado acabou por conquistar, em nós, a sede pelo difícil.
Tamanha bobagem.
Corremos do que se mostra com facilidade; quem sabe por medo de mergulhar naquilo, quem sabe pela vontade [incondicional] de não estar acompanhado.
Teimamos no difícil, no que não é nosso, talvez até no impossível.

Amor
Próprio, talvez.
Amor próprio talvez seja a mais correta das expressôes.

Engraçado é corrermos da companhia de alguns e, ao mesmo tempo, lutarmos pela de outros.

[Por quê não se junta tudo numa coisa só ]

Tamanha teimosa achar que nos acharemos no achismo de estar apaixonados por aqueles os quais achamos que nos seja ideal.


Sigamos, sem maiores delongas.
Em frente, sem maiores torturas.
Presentes, sem maiores dificuldades.
Livres, sem maiores medos.
E amantes, sem receios, rodeios e bloqueios.


Sejamos.
Queiramos.
Façamos.
Amemos.


Simples...
Como a dedução de que você, pra mim, não passa disso.

13 de agosto de 2007

preciso te fazer sumir

Por que será que atrás das cortinas há sempre janelas fechadas com tricos, quase sempre, emperrados?






Quanto mais do tempo hei de perder pra perceber o que realmente importa?


Cansada de você.
Cansada desde quando você apareceu e se tornou, pra mim, indispensável.
Cansada dessa voz rouca no meu ouvido e esse jeitinho de falar que me desmonta.
Cansada de tanto desejo e de tanto frio na barriga.
Cansada desse sorriso que me confunde.



Como faço você desaparecer?

1 de julho de 2007

Anitelli

.

Alguma coisa me falta
Não sei se necessária, vital
Não sei
Mas sinto

É um aperto estranho no peito
Uma vontade de alguma coisa que não se tem
É um querer abstrato
É um não reconhecer o que se quer

Estranho

Não me sintia assim há tempos
E agora fiquei sem saber o que fazer
Talvez tudo isso tenha nome
Mas não quero, sequer, adimitir essa possibilidade


[não acomodar com o que incomoda]
Dizia um dos músicos que mais admiro

Não acomodarei
- digo isso várias vezes por dia, bem sei... mas uma hora ponho em prática

Que horas são?
Quem sabe agora...


Tô cansada...
Cansada mesmo.

25 de junho de 2007

Bom mesmo seria... Seria bom [mesmo].

.

Por: Jheld Di Cleons



Bom mesmo seria
Nadar no mar dos teus sonhos
Naufragar no teu ser, me embriagar na tua boca
E um dia não mais morrer de saudade ou de vontade de você
De ter esse lago dos teus olhos
Essa luz do teu ser
Essa tua natureza vestida pela minha vontade
Que aflora nos desejos dos teus beijos
De tua forma de falar

Bom mesmo seria
Ser cantor e tua vida encantar
Ate mesmo ator e na tua vida representar
O astro dos teus desejos por meus beijos
E assim poder gravar, Marília, tua vida na minha história
E nessa tua vida, a minha encaixar
E registrar de uma forma que o tempo
Não tentara apagar
Pois só existe uma maneira
De se manter vivo e assim amar
É se entregando sem medo de nada
Nem do tempo e nem do mundo
Que em movimento nos faz
Um do outro se distanciar.

23 de junho de 2007

esconde-esconde.

.


A vida, às vezes, parece querer brincar com a gente e insiste em testar nossos limites, colocando-nos em situações inimagináveis.
[Eu não sei quem sou. Na verdade não faço idéia]
Algumas vezes dá vontade de puxar a barra da saia da vida e dizer: "Ei! Posso ficar aqui embaixo?"
Mas ela só brinca com a gente se nossa razão assim permitir. Sei.
[Onde mesmo se esconde a razão na gente?]
Tá tudo meio escuro.
Não. Tá escuro mesmo - meio escuro nem existe. E eu vou seguindo caminhos pisados.
Acho que a segurança que depositei neles se esvaiu junto com as marcas das pegadas na areia que não consigo enxergar.
Um nó na garganta e um aperto no peito me incomodam; e vem um senhor no lado e me diz sorrindo: "Não chore, menina! Você é tâo bonita para estar chorando!" Bom isso. Vou me lembrar de ir pra frente do espelho quando estiver triste. Me lembrarei também das palavras de uma amiga me dizendo: "Ah! Tu chora por tudo mesmo."

Lembrar!
Tá aí... Acho que acabei de encontrar a contra indicação do meu remédio antimonotonia.
Lembrar.
Estranho isso de teimar em reviver as coisas, como uma tentativa de salvar algo. Quem sabe a vida. Mas não essa que se mostra e implora cuidado, mas aquela que caminha a mais tempo e ri na cara da gente quando percebe nossa frustração em querer mudá-la.
Dói.
Cansa também.
Natural.
Natural também é começar a pecerber mais cores naquele presente que virava passado tão rapidamente [e que acabava por debochar da mesma forma].





E eu falava de quê mesmo?
Das brincadeiras... Das brincadeiras...
Das brincadeiras da vida...

Pois é.
Acho que cansei de brincar, por ora.
Tem umas brincadeirinhas chatas essa vida.
Vou começar a inovar. Criar. Recriar.
Tudo bem do meu jeitinho.

.

.




[passando o passado da foto, já que o passo lento que pacificaria minha memória não passa despercebido no passado presente que agora me atinge.]

19 de junho de 2007

Sabe...














...acabei de esquecer o que ia escrever.

15 de junho de 2007

.

[és parte ainda do que me faz forte.
pra ser honesta, só um pouquinho infeliz.





mas tudo bem...]

14 de junho de 2007

tem dias que dói mais
outros que dói menos
distante a dor alivia
perto ela acentua


nesse caso...
adeus dor.









adeus você.
.






[procurando vaga, uma hora aqui outra ali
no vai e vem dos meus quadris...



me dê de presente o teu 'bis'.]

13 de junho de 2007

dionísio

.


R io de desejo deságua no mar do meu corpo
I ncansável, prova dos meus mistérios
C ada pranto, cada canto
A rmando sua barraca no meu terreno
R iscando as árvores com seu nome
D omina meus ouvidos com suas palavras
O stentando seus anseios nos meus [an]seios



15/03/2007

o infeliz[mente]

Chega

De pisar em falso
De gritar tão baixo
De cuidar tão pouco
De calar tão alto

De pisar em ovos
De fingir tão mal
De sentir tanto vazio
De não ser natural

De querer o que não tem
De insistir no que não vem
De esperar o que não vale
De amar o que não fale

De desejar estar só
De aguardar a chegada
De olhar tanto pra trás
E adiar a despedida

Não sei se sozinha ou acompanhada
Odiada ou amada
Se certa ou errada

Me basta a clareza de que esse caminho
Não mais seguirei
E que olhar pra frente
A partir de hoje
Tornou-se lei.

11 de junho de 2007

If You Wear that Velvet Dress

By Alexande Saldanha.


No meio de toda aquela gente, de todas aquelas luzes, o barulho era ensurdercedor. Todos dançando, cada um na sua... Mas eu estava parado, não conseguia me mover direito, não conseguia pensar direito. Estava ali observando, olhando de longe ela dançar... Suas pernas em movimento, seus cabelos balançando ao som que rolava na pista, seu sorriso parecia me hipnotizar me fazendo ficar parado como uma estátua que fita o horizonte.

Fiquei imaginando ter coragem para andar, sonhando acordado no som hipnótico das caixas em me aproximar, me aproximaria dela e deixaria a pergunta sair de minha boca: “Aceita tomar algo comigo?”, a olharia nos olhos, ela sorriria com o canto da boca e diria “sim”. Naquele momento pareceria que todos do recinto já não mais estariam presentes.... Seria apenas eu e ela, “nobody else here, none here to blame, it’s just you and me and the rain...”

E num simples toque de seus lábios, já não teríamos mais noção de espaço e tempo, seu cheiro faria com que nenhum outro existisse mais, o mundo haveria acabado e só sobraríamos nós dois. E tudo estaria bem e tranqüilo, tudo estaria em sincronia “if you were that velvet dress...” e todas as luzes restariam sobre ela em foco único, iluminando o resto de ambiente que ainda sobraria em nossas mentes... E de repente, em apenas um segundo que duraria uma eternidade, as luzes se apagariam e não haveria mais paredes, estaríamos em algum espaço não identificado onde a única imagem em nossas visões fechadas seria a um do outro... Eu a sentiria, eu a tocaria, beijaria cada canto do seu corpo como se fosse único para que ela sentisse que toda sua beleza estaria sendo contemplada e de repente me viria de joelhos em sua frente e ela: “get up of your knees, please...”

Seu vestido já não mais existiria, não haveria mais espaço, barreiras, horas e minutos, o amanha seria apenas uma idéia possível que sequer seria pensada ou lembrada. Enebriados pelo momento, deixaríamos quebrar uma regra da física e naquele momento dois corpos ocupariam o mesmo lugar e em transe ela dançaria apenas para mim e em mim. Nunca mais esqueceria de seus movimentos e de sua dança, repararia em cada fração de seu corpo se movimentando e ela dançaria para mim. E o transe só terminaria quando acordássemos na beira da praia, olhando o sol nascer e diríamos um ao outro: “you’re not the only one staring at the sun...”

Mas de repente “wake up dead man” e eu lembro que estava apenas imaginando ter coragem de fita-la nos olhos... E no caminho para o balcão para pegar uma bebida passo ao seu lado e ela nem me repara, apenas um segundo depois, seus cabelos livram seu rosto e seus olhos batem nos meus. Não sei como as palavras saem de minha boca: “aceita tomar algo comigo?” Ela olha nos meus olhos, sorri com o canto da boca e diz: sim!

as luzes se apagam..............

.

mo[vi]mentos

De fato
O que se entrega é o que se carrega
Com fardo e culpa
Durante um tempo de labuta

Depois de entregue
O corpo sossega
O peso alivia
E o espírito adormece

Que a culpa não te faça dela escravo
Que a conveniência não te acomode
Que a rotina não te engane

Pois somos todos passarinhos
Sem pesos
Livres, leves, lindos

Somos todos passarinhos.

8 de junho de 2007

antes, agora e depois

E no seu corpo não sinto meu perfume
E no seu copo não bebo meu prazer
E nos seus olhos não vejo minha imagem refletida
E nas suas mãos o vão se faz presente

Cascata de nuvens sob os olhos cegos do querer
Você já não está
Aceitar é impossível
E eu não desisto
Persisto em sentir o peso das tuas mãos pairando sob meu corpo novamente

De que tamanho se faz o vazio que nos separa?
As chaves do apartamento ainda são as mesmas
No espelho ainda tem seu sorriso
E você já não está

As horas passam diferentes
E o caminho que percorro modifica a cada segundo
Passos lentos
Ruas escuras

Você não está

Grito seu nome
Faço sala para a dor que me assombra
Me acho nas memórias que me perseguem
Me perdi, assim como a você

Não há o que não me faça querer voltar
Minha cama guarda sua temperatura

"Minha pele tem o fogo do juízo final"

E meu fogo ainda arde você.

23 de maio de 2007

vermelha.

.

arde
tira
bate
leva
chora
beija
afaga
invade
queima
tonteia
devassa

ri
mata
padece
devasta
implora
esquece

louca
criança
amante

sorrateira
chega de fininho
vem sem pedir licença
fantasiada de esconde esconde

codinome amor

fere
derrama

arranca
pisoteia
humilha
espanca

é carne mansa
é animal no cio



"é moreno o veneno
é santo, mas nem tanto"


.

ontem, hoje e ponto.

Amadurecer demais traz consigo o risco de apodrecimento.
Não amadurecer é estar preso às raízes e não arriscar soltá-las.

Uns afirmam crescimento.
Outros falam de descoberta interior.

Quais são?




Que sejam o que forem.
A diferença é mínima.





Grandes são os acontecimentos atrelados às consequências da inconsequência de não se saber.

13 de maio de 2007

.

As mãos mandam nos dedos?
Como andam, os pés comandam?
Quando temente a mente mente?

Canção V

"...e é quando a pele dá sinal
poros, odores, pudores
olhos, ouvidos, mãos... fundem-se
transcendem a vasta dimensão calada do adormecer
despertam animais selvagens, sedentos, famintos
acordados, então.

mão...
em cima, embaixo, de lado
explora.

mãos...
conhecem, despem, despedem.

secam.
sugam.
chupam.


pegam o meu gozo...
trazem para si.

ele é teu..."

3 de maio de 2007

.


...e hoje o dia foi mais preto que branco.

Singela e transparente proteção. Vidros.

Necessito escrever.
Meu computador não pega.
Ligo. Desligo. Religo.
Nada...
Deito, na tentativa de dormir um sono tranqüilo e agradável, afinal de contas, amanhã é dia de branco; ou preto no branco, melhor dizendo.
Pulo da cama.
O lençol voa pro chão.
Piso, tropeço nele, quase caio, quase não sinto.
O que me importa agora é isso. É escrever.

Dirijo-me à sala, já que meu computador não ajudou.
Lá se encontra o lap top* do meu pai [*me desculpe quem sabe escrever se caso esteja errado].
Numa tentativa frustrada ligo o aparelhinho... Nunca me dei muito bem com eles, pra ser sincera mesmo nem gosto.
Não consigo.
Tenho dificuldade pra encontrar o botãozinho.
Acendo a luz.
Nada.
Claro, meu pai nunca deixaria o lap top carregado, ou na tomada [muito menos].
Ligo.
“Xuxa que pariu” [aprendi hoje com um amigo de um amigo]!!!
A birosca do lap top tem senha!!!
Desligo tudo, inclusive a luz.
Mas não me contento.
A vontade de me exteriorizar não descansa.
Insisto e persisto nesse meu computador travado.
- O word ainda deve funcionar... Não vou sequer usar a internet – penso comigo.

E fui.
E foi.

Jorrou como se necessário fosse.
E o era.
As palavras precisavam de espaço.
E as minhas, digo-lhes de passagem, são indiscretamente espaçosas.
Respiram. Vivem. Fogem de mim.

Tento respirar as folhas.
Gravar a dança das árvores.
Fotografar o colorido das flores.
Tenho uma necessidade infinita de vida.
Preciso ater-me ao que é bom.
Atar-me ao Deus. [ao seu, ao meu, ao deles, ao nosso – que seja... ao Deus].
Não abro mão do amor que foi construído em mim, passo a passo, tijolo por tijolo.
Um amor suado, esforçado.
Um amor romântico, talvez; mas dos mais belos e reais possíveis.

Agarro-me ao vento e deixo que ele me embale.
Permito que a grama vele meu sono e a chuva regue meu sonho.
Vivo.
Vida.
É dela que me faço.

Acredito que todos a possuam, em suas mais variadas formas [escolhidas, ou não], mas a possuem.
Faço da minha o meu vício.
Minha droga.
Minha vontade.
Meu ouro. Meu tesouro.

Porém, me deparo com janelas... E vidas são janelas!
Abertas, fechadas, entreabertas, escancaradas...
Não importa.... São janelas.
E janelas são frágeis.
Feitas de vidro... E o vidro também é frágil... E transparente.
Quando se quebra, machuca.
Expõe a vida ali, de bandeja.

Hoje meu corpo contém vidros.
Meus braços, minhas pernas, minhas costas.
Porém esses não me machucam.


Os vidros que atingiram minha alma, esses sim me feriram.

22 de abril de 2007

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Dentro de mim existem outras.















... e de ti?

Tesoura do Desejo


Ele

Na noite daquele sábado, iria sair com a loira pela qual já estava completamente apaixonado. Completavam-se três semanas exatas, desde o primeiro beijo, e seus sentimentos se chocavam: achava estar indo rápido demais com tão recente relacionamento, em suposto descompasso com o ritmo dela. Mas desejava mais do que tinha até aquela altura.
Se sua memória não o traia, era a terceira ou quarta vez que se encontravam desde a festa de três fins-de-semana atrás. E esse aparente descaso, que o tirava a certeza do número exato de encontros, tinha sua razão de ser: o affair havia começado totalmente sem compromisso e ganhado importância de forma assustadoramente veloz.
Na segunda semana, o casal foi ao cinema. Para sua decepção, ela prestou demasiada atenção no filme. “Quem liga para o que se passa na tela numa situação dessas?”, ele inevitavelmente pensou. Mas, como não poderia deixar de ser, o descaso da moça aumentou seu interesse por ela.
Assim, o jantar daquela noite havia ganhado importância. Ele pensou que era a ocasião ideal para comprar um presente, demonstrar que estava realmente interessado. Mas, temendo a rejeição, desistiu do mimo. Achou melhor ensaiar um discurso, em que ele cobraria dela uma posição. Queria dela tudo, ou mais nada.
Passou de carro pela porta da casa dela, para buscá-la. Seguindo um ritual implícito, trocaram um beijo assim que se viram. Mas ele não pôde deixar de perceber algo diferente, embora a penumbra do local não lhe permitisse precisar o que de estranho havia.
Conversaram amenidades a caminho do restaurante. E, ao chegar ao local, a triste e surpreendente constatação. Ela estava com madeixas mais curtas e menos loiras. Havia mudado logo aquilo que mais havia lhe chamado a atenção quando a viu pela primeira vez. Logo aquilo que ele fizera questão de elogiar nos três ou quatro encontros anteriores.
Ele tomou aquilo como um sinal. Uma senha de que entre eles não havia uma sintonia perfeita. Tentou descobrir se aquela afronta capilar havia sido intencional ou não. Mas desistiu quando concluiu que àquela altura, não haveria de fazer a mínima diferença.
Engoliu seco e insosso o jantar do restaurante que costumava adorar. Levou-a pra casa, mais por obrigação e cavalheirismo do que por vontade de fazê-lo. No caminho de volta, retumbante silêncio. Ao se despedirem, suas bocas se encontraram pela última vez.

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Ela

Na noite daquele sábado, iria sair com o cara pelo qual já estava completamente apaixonada. Completavam-se três semanas exatas, desde o primeiro beijo, e ela se sentia insegura quanto aos rumos daquele relacionamento. Muitas dúvidas, pouquíssimas certezas. Porém, algo era evidente: estava gostando de se envolver com aquele sujeito.
Sentia-se nas nuvens. Na tarde que antecedia o esperado jantar, tentou se recordar das saídas anteriores. Contabilizou quatro ou cinco, mas admitiu que seu estado inebriado poderia ser responsável por um erro de cálculo.
Lembrou da vez que haviam ido ao cinema, alguns dias atrás. Ela adorou, mas esperava dele mais iniciativa. Por vezes, pensou em esquecer do filme e se atracar com ele, mas seu pudor a impediu.
Resolveu deixar o passado de lado e pensar no futuro. Queria saber o que podia esperar daquele projeto de namoro. E teve a idéia de mudar o visual. Se ele percebesse a alteração, estaria diante de um rapaz atencioso e apaixonado. Caso contrário, ela teria ali um motivo para desacreditar na solidez da relação.
Após horas no salão de beleza, fez uma pequena pesquisa em sua casa. Pensou que se os familiares percebessem de imediato a mudança, ele também teria de fazê-lo. A mãe notou rápido e elogiou o novo corte de cabelo da filha. O pai demorou mais um pouco mas foi além, enxergando também uma leve mudança de tonalidade. O irmão mais velho não reparou nada de diferente e disse que ela tava tirando com a cara dele, enquanto o mais novo percebeu no ato e caiu na gargalhada.
A experiência com os membros da casa teve êxito. Não haveria desculpas, então, se o fato passasse batido ao rapaz. Quando o carro dele parou à sua porta, ela teve uma leve impressão de que ele observava algo em seu rosto. Mas como ele nada disse, ela se convenceu que havia sido mesmo apenas uma impressão.
Deu a ele mais tempo para que comentasse o fato. Gradativamente, ia falando menos, a fim de que o silêncio levasse a atenção do rapaz para os cabelos dela. Teve esperanças até a última garfada.
A viagem de volta foi dolorosa para ela. Pensou que se ele não podia notar um simples repaginamento visual, certamente não prestaria para entender seus problemas e anseios. Por duas vezes, pensou em gritar que ele era um babaca por não ter percebido o quanto ela estava bonita. Mas desistiu quando concluiu que àquela altura, não haveria de fazer a mínima diferença.
Ao chegar ao destino, meio que sem pensar, ela se virou e deu-lhe um beijo sem paixão. Tinha ali a certeza de que seria o último.





[Marcelo Morato.]



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É mais ou menos assim, né?

O que é pra mim, não é pra você...

O que era pra Ele, não era pra Ela... E o que era dela, ele não via... e não tinha.


Será bobagem?

20 de abril de 2007

.

Cada mão, explorar nossos corpos
Cada língua, secar nossos poros
Cada boca, falar nossos gemidos
Cada olho, enxergar nossa dança
e se deliciar com seu ritmo

...

A junção de nós dois é a minha versão
E a partir dela tudo se cala
Pra se fazer mais alto
Mais claro
E mais forte

A partir daí as coisas perdem o significado
E só possuem o incontrolável desejo de fazer parte dos nossos movimentos.

.

16 de abril de 2007

...

e hoje me pus a perguntar:

o amor tem janelas?

porque hoje o passado se fez presente.

- Ei!
Vem...
Eu te explico no caminho

- Não!
Me diz agora...
O caminho é longo e eu não sei esperar!

- Aprenderá!

- Não conseguirei!

- Conseguirá!
Te explicarei se quiser ir comigo!

- Vamos...

....


.....



Olha!

- O que foi?

- Um banco!

- Que tem ele?

- É vermelho!
Nunca vi bancos de praça vermelhos!

- Já pensou que se pode pintá-los?

- Não se costuma pintá-los de vermelho, mas sim de branco!

- Por quê?

- Por quê?!

- É!
Por quê pintá-los de branco e não de vermelho??

- Não sei!
Nunca parei pra pensar...
Só acho que deveria ser pintdo de branco!

- Você acha que poderíamos afundar juntos?

- É uma possibilidade...

- Mas tem a certeza de que afundaremos?

- Não! Claro que não!

- Então...!
Vem comigo...
Muita coisa por aí não possui certezas...




Vem comigo, vem... No caminho eu te explico!

uma mistura de tudo que pude perceber num intervalo de vinte e quatro horas [vagas]

.

Nesse seu suposto caminho à procura das borboletas
acabo por desvendar seus mistérios e conhecer sua essência.
Pelo zunir dos seus lábios descubro suas intenções
nem sempre tão ingênuas...
Não que não as queira sujas,
mas apenas inesperadas.

à todas elas

saudade do ido e do vivido
do que não se pode esquecer

saudade do que se lembra
e do que se quer viver

saudade da música e da dança
que a nossa criança faz nascer

saudade do tudo e do nada
que, quando juntas, nos permitimos prazer

saudade mais minha que sua
visto minha ausência da presença de vocês

saudade mais do que latente
insistente
demasiado teimosa

saudade que dá
mas não passa
saudade que cansa
mas não descança
saudade que enxerga
e cega

saudade de vocês, amigas
que em presença, me fazem um bem incondicional...

5 de abril de 2007

I still haven't found what i'm looking for

Campos de flores
Cheiro de grama molhada
O vento sopra a vontade de tê-lo comigo

Quem serás?
De onde virás?
Que gosto terás?

A autosuficiência destrói a leveza da carência de amar.
Achar-se bastante para si afasta a possibilidade do embalo macio do desejo

O gostinho doce do charme que a paixão traz é necessário à beleza do dia
A dependência gostosa do outro
O querer procurar a plenitude e a certeza de se completar no outro


E esses campos tão vazios se encherão de cores e cheiros misturados
As gotas da chuva terão um gosto de flor
E a grama... O nosso [gosto]

Mas... Quem?
Quem é você?

Sequer tenho em mente uma imagem de um possível alguém
Talvez precise abrir algumas portas
Criar caminhos
Permitir-me

Alcançar-me...
Quem virá?


Sinto falta de sentir a falta de alguém...




...porque...

"...i still haven't found what i'm looking for."

30 de março de 2007

- me falta


Convergendo - fatores externos estão - para um entendimento intragável do presente.
Sinto - me como se vagasse pelos misteriosos jardins secretos sem saída.
Sem guias, sem manuais.

Composta por vida, essencialmente.
Disso me faço.
E essa sede eterna me confunde; me permite demais, me permitindo a tudo

Perplexa.
Assim me vejo, vez ou outra, diante das pessoas.
São tão diferentes.
Tão superficialmente disfarçadas.
Escondidas atrás de valores mesquinhos, degradantes.
Mascaradas por seus medos. Por sua moral imoralmente percebível.

E esse mundo doente.
Me machuca.
Me atinge.
Esses rios de solidão.
Essas chuvas de sofrimento.
E é tamanho o frio dessas pessoas.
Qual rochas, fortemente fechadas.
Cheias de rachaduras.
Amarguradas.
Cobertas por limitações.
Condicionadas.
Acomodadas.
Sentindo a força da água batendo sobre si e, ainda assim, paradas.

Caminho.
Por onde... Pra onde... Despreocupo-me em saber.
Instintivamente é que ando.
Movida pela curiosidade.

[...minha música quer só ser música. minha música não quer pouco.]

Não quero seguir modelos... Nem preciso.
Adotar padrões... Não me tenta.
Possuir rótulos... Me enoja.
Anular-me... Me assusta.

Ando devagar.
Sem guia e sem direção.
Me descubro passo a passo... A cada desvio, curva, a cada topada... A cada etapa.
Vivo o momento vivo. O que me faz agora, pois meu poder se faz nele.

Porém hoje encontro-me mais perdida que antes.
Pequena.
Sinto que quanto mais abro meus olhos, mais medo tenho do poder de enxergar.
Quanto mais conheço as pessoas, muito mais as temo.


"O que é bonito é o que persegue o infinito.
Mas eu não sou... Eu não sou, não.
Eu gosto é do inacabado, o imperfeito, o estragado.
O que dançou.
Eu quero mais erosão, menos granito
Namorar o zero e o não
E escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo que acredito.
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito.
Que a gente vai...
A gente vai e fica a obra
Mas eu persigo o que falta, não o que sobra
Eu quero tudo que dá e passa
Quero tudo que se despe, se despede e despedaça."

De tudo aquilo que não sei, quero a essência e o desejo de querê-la.
Do que sei, a certeza de que do errado me fiz certa.
Quero o que está escondido, timidamente esquecido.
O sorriso torto.
A falta de juízo condenada pela sanidade desse mundo caduco.
Quero tudo aquilo que se despreza.
O que não se segue.
O que não se ousa conhecer.

[...constuí o meu marco na certeza que ninguém, cibernético ou humano, poderia romper as minhas guardas, nem achar qualquer falha no meu plano.]

...e deixei escapulir o manual.
.

25 de março de 2007

- o peso do que influencia

.

Uma das minhas metades foi rasgada
Não existe mais
Partiu e levou consigo pouco de mim

Aguardo o momento de sua chegada
A volta ao ponto de partida
Quando o sol amanhece mais quente e brilhante

Metade...
Com ela os pássaros cantam mais avidamente
E o mar acalma

Aguardo sua volta
Ou sua chegada, não sei
O que me importa agora é viver o meio tempo


Quando sou, sozinha, pessoa.
Quando sou, em essência, Marília.

.

19 de março de 2007

Não ficção [muito menos científica] do real imperceptível a olho nu.

- Ei... psiu... falaaa bbbaaaaiiiiixxxxoooo!! você já percebeu q tem um boeing no seu quarto?
Eles são mto espertos, se disfarçam com facilidade... Agora mesmo tem um aqui. Ele fica tentando esconder o barulho do motor... Mas eu percebo. Melhor é fingir que não sabe... Eles sao muito violentos. Fique atenta!!!

- Meus olhos estão em costante movimento... Estáticos.

- Estáticos ou em constante movimento?????

- É o cansaço.... Comecei a reparar.... Já consegui ver a pontinha de umdeles atrás da impressora, me olhando, como quem não quer nada...

- Eles são espertos.... E voam rapido... Essa é a grande arma deles.

- E tu já conseguiu ver algum deles levantando voo? Ou conseguem ser mais rápidos que um disco voador?

- Eles são muito rápidos... Mas eu comprei um óculos numa loja especializada no assunto... Ele é um destemporizador-retrativo. É um tipo de lamina bem fina, se você olha atraves dela, o tempo se defaz e você volta. Aquele filme: "Deja Vu", foi inspirado nele. Na verdade aquele filme é um código de conversa entre as pessoas que lutam contra o domínio dos boeings. Somos um movimento q se comunica de formas diferentes.

- Tu acredita em gnomos?

- Olha... Você corre perigo. Te contei coisas que as pessoas não devem saber...E agora você também corre perigo. Me desculpa! Mas já que você sabe... A Gol....

- Sou "A Escolhida"? Que tem a Gol??

- A Gol... Os gnomos... Você já viu os anoes que olham nossas bagagens quando pegamos voos da gol? São eles!

- Sabe... Escutei falar que eles nos prendem perto da turbina, escutamos barulhos ensurdecedores, depois arrancam nossas olrelhas pra não reclamarmos mais.... Antes disso arrancam nossos olhos... Não gostam de ser vistos...

- Por que vc acha q eles voam na velocidade do som???? Eles têm parte com o demo... E não estou falando de fita demo, tou falando do boi zebu!

- Ai... Tô com medo de olhar debaixo da cama... Acho que vou dormir com painho e mainha... no meio deles!

- Mas não conta pra eles não! Na verdade acho que está no tempo de você saber........Seu pai...

- Acho que vou tentar hipnotizar um boeing desses escondidos no meu quarto e fugir nele................. Uma vez o programa do gugu ensinou a hipnotizar... A entortar uma colher, na verdade.... Mas deve funcionar com boeings também...

- Essa me desequilibrou total. Me descompensou.

- Vamo dormir?









Vestígios de um poema sem nexo, pé, cabeça ou anões...... De quem não acredita no que não é passível de verdade absoluta, mas faz parte de uma seita ultra secreta para salvar o mundo da ira tímida e devastadora dos "boeings".

- É o cansaço...


http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=10193632

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18 de março de 2007

- escondendo o que se quer a todo custo... mostrar.

Cada ser habita em mim um pouco de mundo

E cada mundo carrega em si um pouco de mim.





- Das pessoas fiz minhas janelas.
Nelas encontro visões diferentes de mundos já caducos e indecentes.

- fumaça

confesso que agora, o que eu mais queria, era morar sozinha

ter meus segredos expostos à quatro paredes, apenas
sem olhos
cheiros
méritos
pensamentos
[pré]julgamentos

apenas estar só...... e ter
janelas
camas
portas
armários

todos para mim

o meu lugar teria o cheiro que eu quisesse
a forma que eu preferisse
o jeito que eu mais gostasse

teria cumplicidade para com minha intimidade
seria meu grande confessionário
onde poderia viajar sem pressa
e dormir sossegada.


que desejo incontrolável esse de estar só...
de viajar em mim....



e descobrir o sabor que está guardado na terceira gaveta do lado direito do meu armário.

.

10 de março de 2007

- do que não se nomeia

porque desejo é o que sai dos meus poros
é o que me sua

você me seca
[e molha]
você me alivia
[e enlouquece]

me sacia
se delicia
me acaricia

você me tenta
e se desmonta

me despe
e se despede
me canta
e se encanta
me busca
e se acha

em mim.

9 de março de 2007

Delírios Verbais

.

De fato
Deve se existir técnicas [diversas] para a escrita
Maneiras
Jeitos
Formas
Caminhos para se fazer sentir aquilo que quem escreve quer mostrar

Palavras rebuscadas
Formas
Fôrmas
Triângulos
Retângulos
Cores
Sons
Mágica

Não sei!


....e nem quero.


Tocar alguém não é fim
É meio
É a ponte que me traz até o que está longe do que entendo
É o que ilumina meus olhos e me faz enxergar.

Escrever, assim, sem mais, nem pra quê
É o que me torna quem sou
Me confunde
Mas me difunde

Me exala
Me mostra... A mim.

Escrever, sem saber, me trascende
Me acende
Me faz crescer pra longe do tempo


Juntar letras me leva ao infinito
Até onde ninguém ousaria chegar
Me faz ver o que olho nenhum enxergaria
Me faz conhecer mundos inexploráveis
Vidas inquietantemente interessantes


Tenho sede de frases
Fome de sujeitos
Desejo de adjetivos


... e verdadeiros delírios verbais.


.

- como é mesmo que se diz?

Esrever assim, dessa maneira
Livre

Isso me fascina.


Escrever assim, dessa forma
sem forma certa, sem fôrma.

Isso me excita.


Escrever assim, desse jeito
Manso

Isso é meu descanso.


Escrever assim...
Com o corpo
Com a alma

Isso é a minha essência
É onde repousa meu pranto
Onde se cala meu canto
Pra se fazer mais forte


É onde dorme minha metade
E se mostra uma raridade

É o que mais me encanta
Na capacidade de ser pensante


Escrever assim, nessa dança
Livre,
Crua,
Nua

É o que me faz pura................ E insana.

6 de março de 2007

Labirinto

Sabor
Cheiro
Tato

Isso leva àquilo
Áquilo prende isso
E é inevitável não soltá-lo

Impossível aquietar minha mente
Que não se cansa
Trabalha
Desobedece
Se mostra


Essa mente...... Me desmente

Esse corpo....... Me desmonta


Sentidos


Nada mais possuo
O que quer que seja toma se lugar
Minha insanidade se materializa na sua lucidez
Minha sede se sacia na sua saliva
Meu desejo se acalma no embalo da sua dança


E não...
Não falo de devassidão.

Falo mais
Falo muito mais do que você, que me lê, gostaria de ter nessa hora
Sem notar que é preciso chão
Pra amparar cada gota de suor libertada de seus poros
Pra segurar cada movimento brusco denunciado pelo seu corpo.



É do amor que falo.

do que foi inventado

.
A vontade de parar me olha de longe
Mansa e desinteressada

A força de continuar é o que me toma
Toma cota de mim
Do meu corpo
Da minha alma

Aumenta a cada fração de segundo
E a cada minuto que olho para o lado e vejo sua ausência

Escrevo pra você
Sem saber onde habita
Ou se esconde
Talvez desconhecendo quem seja

Esse você é uma mistura de vários "vocês" que fazem parte de mim
Uma junção de sensações
Uma coleção de olhares
Um oceano de palavras

Impossível é parar
E você[s] não está tão preocupado em me ajudar

Me atormenta
Me empurra
Me puxa
Me agarra


......E se perde
Na vastidão do meu infinito "eu".





M. Morato

5 de março de 2007

Direcionado

medo

medo do que me consome
medo do que me faz forte
medo do que me faz mulher

medo do sentimento de desapego
medo do sorriso pelo crescimento
medo das mãos que me envolvem sem querer

medo desse medo que dá
medo do medo que não dá
medo do que possa me aliviar
medo do que não possa vir a chegar

medo dessa força estranha que cresce junto comigo.



me assusta me sentir assim, tão bem.

2 de março de 2007

Inconfessavelmente Indiscreta.

Não...
Eu não vou concorrer com isso.
Eu não vou dar chance.
Eu não vou correr o risco de acertar no errado.

[Você é o alvo...]

Não...
Eu não vou falar com você.
O sono me consome.
Não vou deixar a minha vontade de você consumi-lo.
Minha cama me chama.


[Você também...]



Não...
Eu não tô pensando nisso...
...nem naquilo.
Muito menos em você.
Pelo menos não poderia estar.



[Mas eu quero...]


Saber que a vontade não possui capacidade de ultrapassá-la;
Apenas de ser vontade.............E só.
Isso me acalma...
Sou forte o bastante para controlá-la...


[Olha pra mim...]


Não vou clicar no seu nome.
Não vou ligar pro seu número.
Não vou me lembrar do seu sorriso.
Não vou me enfeitiçar por você.



[Vou...]


Não vou me esquecer do embalo envolvente das suas palavras.
Nem dos seus olhares corajosos.
Da sua vontade de se mostrar escondido.
Da ousadia do seu desejo................Por mim.


[Desejo por você...]


Não vou...
Não quero...
Não devo...







Fui...



E disse:


[Oi, Estranho!]



M. Morato.

1 de março de 2007

Relógio de Palavra

CadêIgorquenãochega? Tôaquisozinhanessafaculdadeesperando...esperando...Aspessoaspassampormimeeusequermemovo.Meusolhospermanecemestáticos.[Levantei a cabeça agora].Queagoniaessetextotámecausando!Meuolhotáfechando.[Levantei a cabeça de novo].Euseiquevouarrancaressafolhadaquiacincominutosmesmo.Nãocustaaproveitarpracriaremplenoócio.[Pausa pra pegar um bombom na bolsa].Temalguémbuzinandoloucamentenafrentedafaculdade.SeráIgor?Não!Apesarde...








É Igor!








[É isso que a espera de uma carona faz às pessoas]

27 de fevereiro de 2007

Sonhos e Sono

Pois bem
Estou aqui à procurá-lo, sem sucesso e com afinco
Procurá-lo em toda parte
Pelo chão
Armários
Camas
Mesas
E banhos [por que não?!]

Na televisão talvez o encontre
Ou quem sabe no porão
Na verdade nunca sei
Onde o danado pôs a mão

E sem sucesso continuo
Pois a graça aumenta
O procuro em toda parte
No quarto
Na sala
E até na dispensa

Difícil é encontrá-lo
Parace que faz de próposito
Parece que gosta de me ver aflita
Desfrutando, mas aflita sim

Quero saber onde se esconde
Quero aprender seus caminhos
E descobrir pra onde me levaria
E até onde eu iria


Mas, se assim o fosse...
...cadê a vontade de achá-lo?



Procuro?

O que?



Ou seria...

Quem?



M. Morato

25 de fevereiro de 2007

Primeiro Delírio Pós Leitura

Eu aqui
No meio de tanta gente
Entre tantos mundos
E meu egóismo é latente
Insistente
Me remete ao meu próprio universo
Tornando invisíveis infindáveis vidas inexploradas

Sou um ser egoísta
Vou onde meu corpo pede
Atendo seus desejos
Esquecendo de explorar tantos outros

Eu
Aqui
Em meio a tantos prazeres misteriosos
So me permito a um:
Sua temperatura
Sua língua descendo pelo meu corpo
Suas mãos descobrindo sensações desconhecidas
Seus olhos me despindo, me desejando
Seu desejo me comendo, me degustando

Entre tantos olhares
Bocas
Mãos
Desejos
Só um sussuro sai da minha boca:

V O C Ê.




M. Morato